sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Aportando.

"Não é à toa que entendo os que buscam caminho.
Como busquei arduamente o meu!
E como hoje busco com sofreguidão e aspereza o meu melhor modo de ser, o meu atalho, já que não ouso mais falar em caminho.
Eu que tinha querido O Caminho com letra maiúscula, hoje me agarro ferozmente à procura de um modo de andar, de um passo certo. Mas o atalho com sombras refrescantes e reflexo de luz entre as árvore, o atalho onde eu seja finalmente eu, isso não encontrei. Mas sei de uma coisa: Meu caminho não sou só eu, é outro, ele é os outros!
Quando eu puder sentir plenamente o outro estarei salva e pensarei:
eis o meu porto de chegada.”
CLispector



Reconhecendo a importância de quem nos soma à vida, acredito estar ancorando meu coração nas terras mansas dos sem pressa, no mundo dos que aceitam passos lentos - próprios e alheios, na casa dos que são crentes na sincronia entre o universo e as pessoas de fé, no espaço da comunicação entre sorrisos e olhares que contam sobre a odisséia que vivemos a cada dia.

Os outros estão muito mais em nós do que pensamos. E agora sendo tempo de entendimento, de partilha das certezas que aprendemos a atestar com quem as quer sentir, digo que em um olhar com esperança, vimos histórias feitas de palavras que não têm som.

Ontem tive a graça de conhecer uma senhora que me ensinou com esse olhar que adentra, e que faz florescer na nossa alma o aportamento no paraíso, ela que com quase nenhuma palavra me disse de forma tão intensa que temos o que precisamos dentro de nós, e que podemos reagir com calmaria ao frio das tempestades. Chorei de alegria eu, por poder ter cruzado com alguém de coração tão puro. Ela é o próprio Socorro sempre que a chamam, e não é em vão que a sua filha se chama Vitória. De ricas que são, não imagino alguém em pódium mais alto que o delas duas na minha admiração, no qual permanecem de pé, sorrindo, e abraçadas ao calor de dezembro.

É comum afirmar isso, e parecerá tudo sempre igual,"com sorriso pontual", mas não...sentir nunca é igual. Ver é sempre diferente. Ouvir do outro que o caminho (sôfrego) é feito de bençãos, é safra de humildade pra carregar no colo, no peito, no pensamento...dentro da gente, de forma que não nos escape por todo o tempo da nossa vida, entre todos os plantios e as colheitas que fizermos.

Os encontros são lições que devemos levar durante a nossa busca, seja pelo caminho, ou pelo atalho que cada um construir para si, por serem eles os compositores da nossa estrada. Através de cada um dos encontros, devemos entender que o caminho correto, será aquele que caberá sempre mais de um de nós.

Que nos seja dada a graça do entendimento, o qual nos permitirá ter, e ser, companhia na travessia.

Mona,
Crato, dezembro de 2011

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