Bom texto.
Sugere que sonhos são eternos, mudam sempre de objeto e direção, e felizmente continuamos a sonhar.
O fato é que isso nos impulsiona e nos faz levantar todas as manhãs. Afinal, se temos um novo dia, leia-se uma nova chance, de fazermo-nos, e a outrem, melhores e mais felizes, e ainda, se temos consciência disso, seria estúpido não sorrir quando percebemos que surgiram os primeiros raios de sol... porque ali está a luz das nossas idéias e escolhas, e um novo tempo, que foi feito para continuar..., e que nos mostra que nós também devemos seguir. Podemos caminhar juntos, porque somos feitos para avançar, somos interligados às lições do mundo, sensíveis e seguros para perceber que quem para no tempo, como diz outro poeta, "quase vive".
E isso é tão pouco.
É muito nada para quem pode tanto.
A autora fala dos sonhos não realizados... ela me instiga! São motivadores os seus pensamentos. Discordo somente quando ela diz que é doloroso lembrar de velhos sonhos e não reconhecê-los, fazendo menção àqueles que não concretizaram-se, como se fossem uma frustração, algozes dos meus sorrisos. Eu prefiro vê-los com outra cor. Acredito que na sua existência, de alguma forma, eles já consumaram o seu papel, nem que tenha sido somente para nos servir de trampolim para algo "mais a nossa cara", com ajustes e características próprias do que deve vir adiante.
Não queremos mesmo ser fiéis a um só propósito por toda a vida. Devemos ter vários, sempre melhores e mais fortes, porque é assim que nós somos, crescentes.
Beijos de bom final de semana.
Mona
Crato, 05 de junho de 2006.
Começar de novo. Mas de novo?Sugere que sonhos são eternos, mudam sempre de objeto e direção, e felizmente continuamos a sonhar.
O fato é que isso nos impulsiona e nos faz levantar todas as manhãs. Afinal, se temos um novo dia, leia-se uma nova chance, de fazermo-nos, e a outrem, melhores e mais felizes, e ainda, se temos consciência disso, seria estúpido não sorrir quando percebemos que surgiram os primeiros raios de sol... porque ali está a luz das nossas idéias e escolhas, e um novo tempo, que foi feito para continuar..., e que nos mostra que nós também devemos seguir. Podemos caminhar juntos, porque somos feitos para avançar, somos interligados às lições do mundo, sensíveis e seguros para perceber que quem para no tempo, como diz outro poeta, "quase vive".
E isso é tão pouco.
É muito nada para quem pode tanto.
A autora fala dos sonhos não realizados... ela me instiga! São motivadores os seus pensamentos. Discordo somente quando ela diz que é doloroso lembrar de velhos sonhos e não reconhecê-los, fazendo menção àqueles que não concretizaram-se, como se fossem uma frustração, algozes dos meus sorrisos. Eu prefiro vê-los com outra cor. Acredito que na sua existência, de alguma forma, eles já consumaram o seu papel, nem que tenha sido somente para nos servir de trampolim para algo "mais a nossa cara", com ajustes e características próprias do que deve vir adiante.
Não queremos mesmo ser fiéis a um só propósito por toda a vida. Devemos ter vários, sempre melhores e mais fortes, porque é assim que nós somos, crescentes.
Beijos de bom final de semana.
Mona
Crato, 05 de junho de 2006.
[07 Janeiro 15h50min 2006]Vivendo e aprendendo; aprendendo que o tempo passa e não se aprende quase nada.
Você, que faz tudo para não errar, continua cometendo erros, sofrendo e fazendo outros sofrerem. Como seria bom acertar sempre, como seria boa a vida se isso fosse possível, e mesmo em coisas absolutamente banais - aliás, banais não: importantíssimas.
Não existe ninguém fiel a uma só fase a vida inteira. Em algumas delas, tudo que se quer é comer na frente da televisão, com uma bandeja no colo e, se possível, no quarto. Em outras, sem uma sala de jantar não se vive, e com todas as suas implicações, isto é: vários tipos de louça, copos combinando, montanhas de guardanapos, toalhas, jogos americanos e por aí vai. Você vai acumulando coisas, passa o tempo entrando em antiquários procurando porta-retratos, vasinhos e sobretudo objetos insólitos que não servem para absolutamente nada - e quanto mais inúteis, melhor.
Aí um dia acorda pensando no absurdo que é ter tanta coisa guardada, enchendo os armários e acumulando poeira. Compra umas revistas de decoração e fica apaixonada por umas casas japonesas, quase sem nenhum móvel, nenhum objeto, nem mesmo um cinzeiro - claro, os donos dessas casas não fumam -, um vaso com um copo de leite, só um, e tudo, do piso à vassoura, meio branco, meio cru; a ausência de cores é de tal ordem que se o dono da casa for assassinado seu sangue deve ser bege, para não chocar com a decoração.
O primeiro impulso é mudar tudo, claro, mas para isso vai ser preciso se desfazer de todas as quinquilharias que foi acumulando pela vida.
O primeiro dos absurdos é sumir com a colcha marroquina toda salpicada de paetês que comprou naquele dia - aquele, lembra? - em que pensou em largar tudo e começar vida nova numa pequena cidade perto do deserto, enrolada em panos, tomando chá de menta e comendo tâmaras. É doloroso lembrar de nossos velhos sonhos; e todos os muranos que trouxe de Veneza, naquele ano em que decidiu se instalar num apartamento pequeno dentro de um palazzo - claro - dando para um pequeno canal, na cidade mais bonita do mundo?
Ah, passar o inverno numa Veneza sem um só turista, se cobrir de peles - lá pode - para ouvir concertos nas igrejas, passar o ano novo bem longe do calor, da praia, dos fogos, da animação - esse foi um dos sonhos que você não realizou, lembra?
De cinzeiro em cinzeiro, de objeto em objeto, sua vida vai passando como se fosse um filme. Mas virar clean é jogar fora o passado, que mesmo não tendo sido exatamente o que você queria, é o único que tem. E o que é uma pessoa sem passado?
Não, vai continuar tudo igual. Mas ainda dá tempo de realizar alguns dos antigos sonhos; de vez em quando volta a vontade de mudar tudo, começar tudo de novo, sem memória, em um país onde falam uma língua que não se entende e onde não se conhece ninguém.
Mas não é preciso radicalizar: no lugar de se mudar para o Marrocos definitivamente, você pode ir para lá comer tâmaras por uns seis meses; e pensando bem, passar janeiro inteirinho em Veneza já seria a glória.
Você descobre que, se quiser mesmo, pode fazer tudo com que um dia sonhou.
Que dá, dá; mas será que você ainda quer? E será que tem coragem?
Danuza Leão
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