terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Somos, serás, seremos.


Hoje ganhei um abraço tão amigo, tão cheio de calor.
Depois do abraço, durante o afastamento dos corpos e aproximação dos olhares, onde há sempre muito carinho acontecendo, entre as coisas não ditas e as verbalizadas, uma me despertou o pensamento:

“-Reze amiga, há tanta inveja em torno de você. Estes dias, escutei tantas palavras ruins vindas de olhares piores, maldosas demais para que eu possa repeti-las. Mas sei que é só inveja. Siga tranqüila.”

Saí agradecida pelo abraço e cuidados desmedidos, mas pensei dolorida: “Inveja? De mim?!? Mas por que?!?” O pensamento me acompanhou, Permiti que aquilo me invadisse. Por que alguém teria inveja de mim? Não consigo dimensionar como, nem que importância dei a este sentimento, se mais ou menos do que o necessário, mas o fato é que humana que sou, me senti mal compreendida, incomodada, ferida.
Tenho pouca intimidade com o assunto, mas indignei-me como pude deixar alguém que eu não conheço, nem mesmo sei quem é, entrar no meu coração sem apresentar-se, e ainda, por que eu o abri? Ainda que fosse por uma boa ação, mas não. Me chegou em forma de desamor, amado Chico. Repeti para mim uma das suas frases que pedem cuidado “... e qualquer desatenção? faça não, pode ser a gota d’água!”, e segui abrindo a represa do que me faz sofrer, aliviando a força e a pressão de cada cada uma das afluências que convergem sobre nós, tentando acreditar que este deve ser somente o curso natural e infantil de quem deseja mais atenção do que tem. Certas pessoas preferem o caminho mais difícil para alcançar o outro. Eu entendo que é melhor dizer com simplicidade e verdade: “ Gostaria de conhecê-la, sabia? O seu sorriso me fez bem.” Puxa, isso me faria cair de joelhos aos pés de alguém assim, partilhando a minha alegria que vem de DEUS, até construirmos juntos um dique, para estocar os sorrisos bálsamos que fluirão na correnteza de cada momento, sob bom ou mau tempo.
Martha Medeiros tem muitos livros, com conteúdos interessantes e títulos idem. “Doidas e Santas” tem passagens que me envolvem as idéias a respeito deste assunto.
Nunca fui santa. Penso trilhar um caminho para ser melhor, menos egoísta, egocêntrica, orgulhosa, impaciente, vaidosa talvez, mas entre os meus tropeços sei que hei de andar propositadamente a passos curtos, para deixar as características imprecisas pelo caminho. Melhor ir com calma, e refazê-lo só no que for necessário. A felicidade me guiará.
Doida? Também não. Nunca fui. Fui firme, crente nos meus sentimentos, fiel às pessoas da minha vida e propósitos, sou companheira, amiga, carrego as minhas certezas para onde vou e diria que as de caráter são pouco alteráveis. Mas como Camões, sei que tudo é mutante, e acredito que estamos sempre em transformação. “Mudam-se as tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser.” Aprendi cedo que as necessidades mudam, e que é preciso usar o bom senso para ajustar-nos na corda bamba que é o nosso limite.
Mudança é a chave da cura para o invejoso. Auto-estima também. 
Se pudesse conversar com este que fez as observações ouvidas pelo meu amigo, Imagino que lhe diria para gostar de si próprio, e continuaria abertamente, olhando-no nos olhos...

Pretenso amigo, meu e de outrem, (...) que não sabe como "nas noites escuras de frio, chorei..." que você seja você como todo mundo, que seja uma "metamorfose ambulante", que inspire-se a mudar na sua vida o que não gosta e não haverá motivo para que veja no outro (o que faz odiá-lo), aquilo que gostaria de ser, e não o é por falta de coragem. Tudo é passível de acontecer. E isso não é frase de efeito para vender livros de auto-ajuda, ou produtos de embelezamento - externo, óbvio. É uma sugestão para que se descubra. Saiba o que te fará mais feliz, e aja. Se quer uma pista, certamente é isso que observa tanto naquele que passa sorridente e não te diz como, porque você nem mesmo pergunta. Faça algo semelhante. Comece admirando-no, e isto te dará um sorriso igualmente livre! Diria ainda para procurar os seus amigos. A falta de amigos causa a solidão, e traz um vazio que te desorienta sobre tudo. Eles podem te ajudar a mudar o foco, e olhar o muito que tens.
No mesmo livro bem humorado a Martha diz, “Apenas sentem-se agredidos aqueles que te invejam." Agredidos? Vamos pensar como. Alguém tem a atitude de ser feliz e isto em vez de te inspirar, te agride? Repense. Neste caso, vejo somente duas alternativas. Ou caminhamos juntos, ou você vai para o lado oposto. A minha coragem de seguir deve te convidar, mas é preciso perceber os limites e situações particulares. Fomos feitos para dar certo, mas não somos parte de uma receita. Haverá sempre algo para decidir, e não culpe o seu próximo que decide, porque ainda não aprendeu a fazê-lo. Aprenda. Julgue menos, viva mais. Deseje seus desejos, e os assuma. Escolha a vida que quer levar, ou apenas deixe que o outro o faça. É um bom começo.
Acredito que temos muito. Assim como você, tudo o que me movimenta é o desejo de realização e vida plena. Para mim, isto significa ter uma vida abundante em amor, envolta pela minha família e amigos, com força, saúde e fé para aproveitar as oportunidades que temos como filhos de Deus que somos. Sei que para Ele não há preferentes. Todos temos à Sua mão como amparo e proteção.  Para os que não o são, não há assunto. Não comigo. Não sei discutir malignidade. Penso como o Caio, e  repito: “Enquanto você me deseja o mal, eu te desejo amor.” Única arma capaz de salvar todos os corações.
Insisto em repetir que todos somos agraciados pelos dons divinos, e ganhamos possibilidades infinitas de escolhas para fazer os nossos destinos, e até para refazê-los. A coragem de viver após um casamento que se faz acabar? O renascimento da cor que se estampa no rosto de quem a vivencia? Ou ainda uma esperança persistente, um romance que se despede, ou se anuncia, uma roupa nova idealizada nas páginas da moda, ou da vida, um corpo que só busca harmonia e bem estar, comida na mesa, um sapato que não aperte, um trabalho real, uma xícara de café com leite degustada entre risos na alegria de uma companhia amiga, um teto com uma plantinha para agoar e quem sabe conversar um pouco, paz para dormir, uma música que parece ter o nosso nome ou uma poesia feita para ecoar, um amigo para todas as horas, e um sorriso também...? Estas “coisas”, que entre as suas proporções, podem ser desejadas e vivenciadas por todos nós, devem ser sonhos, vontades, objetivos, assunto para crescermos até alcançarmos, e não para nos afastar do ideal que é querer conseguir. Eu tenho algumas destas, outras ainda não, e nem sei se vou consegui-las, mas o que sei é que é preciso enfrentar as situações que a vida nos apresenta. Requisitar a autoria dela, sabe? Podemos ser iguais, se você pensar que a tem. Ou não.

E aí, o que nos difere talvez seja o segundo passo. É nele que eu leio a Clarice para nós:
"Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então."

Mona.
Crato, Fevereiro de 2012.

2 comentários:

Paz disse...

Lindo texto Mona.

Unknown disse...

Beeeeeeeeeeeeijo grande, minha amiga Peace Mary! Obrigada pelo carinho!